terça-feira, 23 de junho de 2009

A Índia, as monções e o aquecimento global

E lá se vão os dias ensolarados, as cuecas penduradas no varal secando em segundos, a claridade do sol forte invadindo as cortinas pela manhã me acordando num horário indesejado... Chegaram as benditas e malditas monções, trazendo brisa e baixando a poeira, mas também caos, destruição e mortes.

Para tentar simplificar, monções é o nome dado aos ventos periódicos vindos do Oceano Índico quando a umidade de suas águas atingem as regiões montanhosas ao norte da Índia numa temperatura diferente. Significa o fim do período de seca e início de chuvas torrenciais que tendem a durar até setembro.

Bem quista pela área rural indiana onde as águas das chuvas representam a principal atividade econômica da região (o plantio de arroz), as monções são motivos de pânico para a maioria da população de Mumbai, uma das cidades mais populosas do mundo e onde metade de sua população vive em barracos.

Em 2005, as chuvas mataram, aproximadamente, 900 pessoas; em 2008, em torno de 800, vítimas de afogamentos, deslizamentos, desmoronamentos e eletrocução. Sem contar nos milhões de pessoas desabrigadas.

Essas chuvas mostram bem a precariedade da infra-estrutura de Mumbai, que não suportou o crescimento exacerbado de sua população aliada à sujeira encontrada por todos os cantos da principal cidade indiana.

Já estávamos todos nos questionando onde estavam as chuvas, tendo em vista que costumam aparecer entre final de junho e início de julho. A falta delas representa uma grande perda para o setor agrícola que apenas pode contar com suas águas durante esse período (entre junho e setembro).

Por estarmos no final de julho e não termos visto nenhuma gota cair, até então, um assunto foi colocado em pauta novamente: o aquecimento global.

Estudos mostram que à medida que o aquecimento global aumenta, o período de monções se intensifica, sendo mais trágico que o comum. Ambientalistas afirmam que, com as mudanças climáticas, a Índia há de se tornar mais vulnerável aos desastres ainda.

De acordo com outros cientistas, a mudança do sistema vem contribuindo decisivamente para o aumento na quantidade e na violência das enchentes que atingem o país em determinadas épocas do ano.

Se além de capas e guarda-chuvas não nos conscientizarmos, não restará muita opção além de ver o caos diante dos nossos olhos. Isso porque insistimos em pensar que não podemos fazer nada ou que agora é tarde. Enquanto isso, a natureza se revolta pintando o céu azul de cinza escuro repentinamente e transformando a brisa suave em furiosas tempestades destruidoras. Mas, nós, homens, que corremos o risco de perder nossos bens e, até mesmo, nossas vidas, só não perdemos nossa inação diante de um problema tão grave como esse.


(vista de casa, no meio da tarde)

2 comentários:

michelle's world disse...

Águas subterrâneas se movem vagarosamente.
Enquanto a velocidade das águas da superfície
pode ser medida em metros por segundo,
a das águas subterrâneas costuma ser medida
em metros por ano!
Eu sempre adorei o som da chuva
Batendo leve em minha janela
E depois o cheiro do orvalho de madrugada
Vindo me receber da grama úmida
... o lar...
A água é para os escolhidos
Mas como podemos esperar que sejamos nós..
... eu e você?
[Nessa ampulheta quente,e desolada,
eu conheci um homem, usando um boné velho.
Todos os dias ele tinha de cavar 3 metros
para chegar à sua porção diária de água-
um mero galão.
E era o que fazia - cantando enquanto trabalhava!]
3 metros de areia para a sede
Mas ele me deu metade do que teria para o dia todo
Tudo para a sede e a higiene
Enquanto usamos mais de cem vezes mais:
O que fazemos com isso?
Canos e banheiras, irrigação e fontes!
Água limpa usada como esgoto para óleo e lixo nuclear!
"O povo do deserto se tornou humilde", disse ele
Eles sabem o que têm
Mas sabem o que perdem quando puxamos a descarga?
[Ainda assim, infeliz, ele seguia meu exemplo.
Tinha necessidade de nossa cobiça: nossa "liberdade".
Disse que tudo o que desejava era um carro e um rádio.
Também ele não conseguia ver a relação...
entre nossas vidas... e sua miséria]
A água é para os escolhidos
A água é para os poucos
A vida é para os escolhidos
Mas apenas se acreditamos ser assim... mas acreditamos!
(Mas estou cheio disso!)

Eu sempre adorei o som da chuva...
(PAIN OF SALVATION)

Thaís C. J. Nogueira disse...

Pensar, refletir, algo que muitas pessoas nem sonham o que é, aproveite meu primo lindo esta oportuniodade que tem, de estar em um lugar tão diferente e ao mesmo tempo tão deslumbrante para refletir, e se decidir que é hora de voltar, venha em paz, e se caso decidir que é hora de ficar, fique em paz, pois só você sabe quais são as dores e a delícia de estar aí e estas dores e delícias de a cada dia viver literalmente novos desafios.
Um enorme abraço cheio de saudades... da prima.. Thaís