domingo, 1 de março de 2009

Novos caminhos, novas descobertas

Numa manhã de sexta-feira, acordei com a sensação de fazer algo diferente assim que abri meus olhos. Sem pensar muito, pulei da cama, troquei minha roupa e comi algo para calar a boca do meu estômago faminto. Aliás, em dias de "férias forçadas", não tem me sobrado muitas opções além de comer e ficar sentado à frente da televisão o dia todo (a grana curta me impede de dar uns rolés fora do subúrbio).

Assim sendo, resolvi que naquela manhã iria dar uma volta a pé. Peguei minha câmera e saí sem rumo, sem saber pra onde iria ou em quanto tempo voltaria. A única coisa que queria era andar por ruas que eu não havia passado ainda na minha redondeza.

Na rua principal, onde contém a feira e o armazém que nos oferece frutas e alimentos "diversos", sempre ia até uma determinada banca e voltava. Naquele dia, resolvi ir além e ver até onde aquela rua me levaria. Fui até o fim dela através de uma rua sem asfalto em meio a uma viela com barracos e casebres pobres pelos dois lados. Nas partes mais largas, haviam cortiços precários com crianças jogando "cricket" em meio aos entulhos.

O fim da rua me levou a um terreno enorme onde indianas estendiam peixes no chão para secar. É comum, em toda Ásia, o consumo de alimentos secos, sejam frutas ou carnes. O problema é o modo de preparo: os alimentos estão em contato direto com a areia sem nenhuma proteção e estão ali expostos em meio a corvos e vira-latas. O cheiro é de carniça "fresca".




Voltando dali, entrei por outra rua. De longe, vi uma estrutura que parecia ser de uma igreja e resolvi ir até lá. Chegando mais perto, vi que realmente se tratava de uma igreja católica. Passei pelo portão principal e andei um pouco pelo pátio, onde havia imagens de Jesus crucificado, entre outras. A poucos metros dali, à minha esquerda, havia um templo hindu.


Agora que já tinha conhecido o outro lado e descoberto de onde vinha o cheiro podre que invade meu apartamento todos os dias, resolvi voltar para casa ainda por um caminho diferente. Segui em direção a uma favela que se situa à beira-mar e vi uma espécie de "calçadão" sendo construído. Entrei pelo beco e fui ver o mar durante uns minutos. Dois homens que pescavam numa espécie de jangada notaram a presença do branquelo aqui (eu) e começaram a fazer graças, pulando e virando cambolhotas naquele mar preto. Resolvi me retirar para que eles continuassem trabalhando sem que eu os distraísse.

Quando comecei a voltar, um trio de homens simpáticos sentados à frente de seus barracos puxaram conversa comigo. Depois de mímicas e deduções, entendi que eles queriam que eu os fotograsse e mostrasse suas imagens pra eles mesmos. Pedido feito e umas risadas depois, parti pelo calçadão.



Enquanto caminhava, me surpreendi com a construção de uma mesquita. Na verdade, sempre que ia para o andar de cima no apartamento de uns amigos, via de longe algo iluminado e ficara curioso com o que seria aquilo. Agora, estava vendo de perto a construção ou reforma daquele lugar que enfeita o céu de verde todas as noites.



Embora o sol estivesse forte, resolvi não voltar para casa. Decidi caminhar pela rua que frequento diariamente de riquixá. Dentro do triciclo, era meio difícil ver a variedade do comércio que tinha naquela rua. Salões de cabelereiros, bancos, lojas de roupas,... me impressionei como nunca tinha prestado atenção em todas as coisas que estavam ao meu redor.

Andei pela rua até que minhas pernas começassem a se queixar. Achei um praça abandonada em frente a um "mini parque" bem cuidado onde algumas pessoas faziam suas caminhadas. Tentei fotografar, mas um segurança me impediu dizendo que eu teria que pagar alguma taxa. Idiota!

Quando estava começando meu caminho de volta, passei em frente a uma "barbearia" e ao lado de uma vaca que devorava uns restos de lixo que estavam jogados no chão. A cena me fez rir.



Olhei para o relógio do celular e vi que uma hora e meia havia se passado. Eu ainda estava empolgado com o passeio matutino, mas tive que voltar. Cheguei em casa decidido que todas as manhãs agora seriam como aquela, cheias de novos caminhos e novas descobertas.

3 comentários:

Fernanda disse...

É tão bom ver o novo aonde tudo parece antigo, comum.[e é um dom]

O "se perder" pra encontrar, pensar.. mudar.

Adorei o passeio! =]

Bjo.

Anônimo disse...

Que lindo!!! quantos misterios, quantos achados, que escola de vida emocionante...bom saber e ver que voce tira o melhor de tudo....Te Amo....beijos..Mamis

Let's Xotan disse...

Brother, que descrição cara! Me senti puramente ao teu lado, como se estivéssemos rindo juntos!!!
Muito bom isso!!! Escreva mais!
Adorei!!!
Abraaaaaaaaaçoooooooooo!!!!!!!
Saudaaaaaaaaaadeeeeeeee!!!!!!!