segunda-feira, 16 de março de 2009

Monotonia?

Quantas vezes, quando nos perguntam "como estão as coisas", respondemos que está "tudo igual"?!

Cansado de responder com certa frequência essa pergunta, resolvi prestar mais atenção num caminho simples, de 10 minutos, que faço diariamente para a academia e percebi que as coisas apenas "seguem iguais" àqueles que são incapazes de perceber a vida ao seu redor.

*****

Sábado, 17:00 horas. Sozinho em casa, sem ninguém na net pra papear e nada de muito importante pra fazer, resolvi ir para a academia "passar o tempo". Comi algo rápido, peguei meus acessórios e me arrastei pra fora logo, antes que a preguiça me alcançasse. Fui pela escada, descendo de dois em dois degraus.

Na portaria do meu prédio, vi que haviam mais "porteiros" que o comum, em torno de 10. Alguns conversavam entre si, outros mexiam em seus celulares, outros apenas cochichavam enquanto eu passava. Cumprimentei os mais simpáticos ("coincidentemente", os que não estavam presentes na noite que espancaram o tal rapaz - os que participaram, não faço questão de olhar mais na cara *vide post Um Caso de Polícia? para entender*) e segui meu caminho.

Fui desviando das pequenas poças de "água" que inundavam a rua naquele momento, devido ao tradicional esquema de saneamento. Entre um pulo e outro, uns respingos na perna me deixaram meio enojado.

Cheguei à esquina já logo acenando para o sapateiro, um indiano simpático que arruma os calçados ali mesmo, debaixo de uma tenda improvisada. Logo a sua frente, um casal de pedintes estendiam as mãos para que as pessoas lhe jogassem uns trocados.

Alguns metros depois, alcanço o cruzamento onde quase sou atropelado diariamente, tamanho é sua "sinalização" (????). Assim que chego ao outro lado, escuto um barulho: um acidente entre um ônibus e um carro. Curioso, dei meia-volta para acompanhar o desenrolar dos fatos.

O motorista do carro, enfurecido, deixa seu veículo no meio da rua (atrapalhando mais ainda o já atrapalhado trânsito) e invade o ônibus à força. Xingando, pega o motorista do ônibus pelos braços e o chacoalha, até que alguém aparte. Àquela altura, uma multidão já havia cercado o veículo público para bisbilhotar e as buzinas, pressionadas pela fila de carros que se formara querendo passar, se tornaram mais estridentes que o normal.

O rolo todo terminou em cerca de 15 minutos. O motorista do carro anotou os dados do ônibus e partiu, mas seus passageiros, apressados, já haviam desocupado o veículo e seguido em outro.

Sigo pela viela pobre até chegar a um caminho de terra. Ali, crianças jogavam bolas de gude, enquanto outras se divertiam com o críquete, um jogo parecido com o basebol. Um cheiro de comida invadia o ar, me deixando com fome. Mais a frente, uma vira-lata gorda, mais parecida com uma leitoa, dormia na sombra de uma árvore.

Depois de virar algumas esquinas, vi uma ratazana servindo de comida para os inúmeros corvos que a petiscavam. Quando passei, olhei para aquele bixo feio amassado, que mais parecia um tapete, provavelmente, atropelado por algum veículo.

Finalmente, chego na academia.

*****

Viu? Nem tudo está como parece! Agora, eu é quem pergunto: "E por aí, como estão as coisas, tudo 'igual'?" ;)

6 comentários:

Anônimo disse...

demais... adorei o "conjunto"...

bj

dri

Fernanda disse...

E como você mesmo disse uma vez:

"Tudo está sempre em constante movimento, mesmo quando 'parado'"

bjo! =]

Let's Xotan disse...

Sempre pensei nestas coisas, mas pela pressa e pela brevidade que achamos que temos com as pessoas, sempre disse: tudo na mesma, tudo indo, tudo igual.
Ver as coisas de um ponto de vista diferente é sempre bom, porque nos faz ver além daquilo que achamos que podemos ver.
Parabéns pela narrativa!

Anônimo disse...

Eh Ale,cada vez mais me surpreendo com sua capacidade de enxergar e fazer com que simples rotina se torne unica e diferente todo dia pelo simples gesto de parar , olhar, pensar.Aprendo muito com vc.

Bjo grande

Thaís C. J. Nogueira disse...

Oi Primo!!! Nossa, o que vale a pena estar aí ein??? Lindas as fotos, lindos os textos, maravilhosas informações. Claro que a saudade aperta mas assim sabemos um pouco de tudo e sentimos que você está bem. Um beijão enorme, saudades de você. da prima Thaís.

Anônimo disse...

eu sei q ja postei meu comentario aqui,mas hj tentando aprender um pouco mais de ingles,pegeui uma musica pra traduzir que lembrei na hora de vc e do seu texto,e achei que merecia ser postado,pois bem,ai vai:
{Trecho do filme "Sociedade dos Poetas Mortos":}
"Carpe diem, aproveite o dia"
Eu sempre lembrarei
O frio de novembro
As notícias do inverno
Os sons na sala
O relógio na parede funcionando
"Aproveite o dia"
Eu escutava ele dizer
A vida não será sempre desse jeito
Olhe ao seu redor
Ouça os sons
Curta sua vida enquanto você ainda está entre nós.
Espero que tenha gostado.hsauhsu
bjo grande