quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Adaptando-me, diariamente.

Sempre que me perguntam como estão as coisas aqui em Mumbai-Índia, digo que ainda estou em processo de adaptação. Claro, apenas dez dias se passaram desde minha chegada e é comum que eu ainda tenha tanto a me habituar nessa cidade tão cheia de particularidades. Mas minha sensação agora que posso transitar "tranquilamente" pelas ruas após os atentados terroristas que mataram quase 200 pessoas na semana passada, é que temos que nos adaptar diariamente ao estilo de vida deles.

(CLIQUE NA IMAGEM ACIMA)

Na região onde moro, um subúrbio chamado Andheri ao norte de Mumbai, é preciso se acostumar ao mau cheiro, aos animais que trafegam livremente nas ruas e calçadas entre nós, insetos e à pobreza chocante. Uma coisa é ser turista, passar por aqui, ver e ir embora; outra é você ter de aprender a conviver com tudo isso sem que interfira tanto na sua qualidade de vida.




Nas tradicionais bancas de frutas, verduras e legumes são difíceis de encontrar alimentos sem que haja "voadores" pousados neles. E depois de presenciar ao vivo a forma como manuseiam sua comida fica ainda mais difícil encarar um restaurante local para provar sua comida típica, a não ser que opte pelos estabelecimentos mais caros.

E por falar em comida, se você realmente gosta de pimenta vai adorar o menu indiano. Os pratos queimam só de olhar àqueles que não estão acostumados com o uso excessivo desse tempero (meu caso). Também é possível escolher entre a culinária vegetariana ou carnívora devido à diversidade religiosa. Mas difícil mesmo é encontrar algum prato sem pimenta. Aliás, o excesso desse apimento me faz acreditar que eles mesmos se questionam quanto a seus métodos higiênicos já que ela também é usada como bactericida.

Em outras de minhas andanças pelo subúrbio também tive a sensação de que essa região passa por várias reformas. Os andaimes à frente dos prédios, feitos de bambu e amarrados com corda manualmente, como manda a tradição, dão um certo tom rústico. E entre entulhos é comum encontrar grupos de indianas conversando vestidas dentro de seus belos e coloridos "sáris" de cóccix, me lembrando a posição mais usada pelos indígenas. O número de muçulmanos também é numeroso por aqui, sendo as mulheres vestidas dos pés a cabeça mesmo nos dias mais quentes.



Se alguma rua não estiver passando por nenhum problema de saneamento (algo normal aqui) é comum sentir o perfume dos incensos acesos como oferenda aos seus deuses. Por sinal, a religiosidade aqui está em tudo. Várias imagens sagradas ilustram os estabelecimentos e quando um pedestre se depara com uma vaca, eles a tocam e fazem uma espécie de benção, assim como muitos católicos gesticulam o sinal da cruz ao passar em frente a uma Igreja.

Diante dessa minha nova realidade, tudo me chama a atenção. Fico imaginando o que ainda está por vir enquanto não me for apresentada a parte nobre da cidade, agora num tom mais dramático após os atentados. Mas sei que ainda não devo ter pressa, pois me falta muito a explorar nessas regiões mais pobres onde vivo atualmente.


2 comentários:

Anônimo disse...

Que escola de vida..heim...

Amamos voce...grande beijo..Mamis

Anônimo disse...

Primo... Lições de vida a cada caminho. Aproveite!! Um beijão enorme... Thaís e Luciano